quinta-feira, 25 de junho de 2009

Os próximos actos eleitorais

Muito se tem escrito sobre as próximas eleições legislativas e autárquicas, relativamente à simultaneidade, ou não, da realização das mesmas.
Os argumentos são os mais variados, conforme se defende um ou outro ponto de vista, havendo por isso argumentos para todos os gostos.
A minha posição, não sendo fundamentalista, parece-me o mais razoável, que o dia das eleições não deve ser o mesmo.
Digo isto, não porque ache que os eleitores, não conseguem separar as eleições, até porque, quando estamos perante as eleições autárquicas, também se votam em 3 órgãos diferentes, e como acontece por exemplo em Avintes e em muitos outras localidades, os eleitores, votam em partidos diferentes, para as Câmaras Municipais e para as Juntas de Freguesia, logo no meu entender, significa que os eleitores sabem distinguir muito bem as situações em que votam.
O motivo pelo qual considero que as eleições devem ser em separado, tem antes a ver com o esclarecimento que nós, como eleitores, merecemos, pois se juntarmos os dois actos eleitorais no mesmo dia, será impossível, aos candidatos autárquicos divulgarem as suas propostas, uma vez que a comunicação social, os cartazes, os debates, e toda a máquina eleitoral, quer dos partidos, quer dos órgãos da comunicação social, andarão à volta apenas dos dois “chefes” partidários José Sócrates e Manuela Ferreira Leite e das suas campanhas eleitorais.
Deste modo, com os dois actos eleitorais no mesmo dia, as campanhas e o debate de ideias para as eleições autárquicas, seriam praticamente ignorados, o que no meu entender, não se deve verificar.
Contra esta posição, tenho encontrado entre vários outros, dois argumentos que considero serem pouco felizes, se não mesmo totalmente descabidos, e que gostaria de também deixar aqui a minha reflexão sobre eles.
“Eleições no mesmo dia traria poupança de dinheiros públicos, principalmente em tempo de crise”.
É sinceramente um argumento que muito me entristece, pois então, para se poupar dinheiro, não seria melhor, nem realizar eleições?!
Uns quantos iluminados, quanto menos melhor, para se gastar menos dinheiro, escolheriam por todos nós, e não haveria necessidade de qualquer eleição!
Tenho a certeza que na Coreia do Norte a poupança de dinheiros públicos em eleições é muito grande, basta o Grande Chefe KIM para escolher!
Não, este argumento a mim, não me convence, prefiro viver num país onde o meu voto possa ser livremente exercido e a minha opinião possa ser ouvida, sem receios.
“Nos Estados Unidos da América realizam-se várias eleições e referendos em simultâneo, para o Presidente, senadores, congressistas, etc.”
Este argumento também não deixa de ser curioso, até porque, já pensaram os meus amigos, durante quantos meses existe campanha eleitoral, quantas vezes os americanos votam para escolher o seu presidente e quanto dinheiro gastam em eleições? Haverá país, onde durante mais tempo, se discuta e debata, quem vai ser o Presidente?
Lembrem-se que antes cerca de 1 ano (num mandato, creio de 4 anos), os principais partidos entram em campanha, para escolher o seu candidato, que é escolhido após se realizarem eleições ao longo de vários meses e em todos os estados!
Ou seja, na verdade os Americanos votam várias “coisas” em simultâneo, porque têm uma tradição, e uma forma de eleição totalmente diferente de nós.
Não devemos confundir as situações!
Termino como comecei, não sou fundamentalista, mas espero que o Sr. Presidente da República e o Governo saibam colocar os interesses dos portugueses acima das suas pequenas “birras” pessoais e escolham dias diferentes para as próximas eleições, para que se possam debater com seriedade os projectos e as ideias dos candidatos às Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, com a mesma dignidade e importância que se debaterá quem será o próximo primeiro-ministro e como será governado o nosso país.

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